Boletim da Articulação Nacional de Agroecologia - Nº 3 - Junho 2012
PROPOSTAS DA CÚPULA DOS POVOS NA
RIO+20 PARA SOBERANIA ALIMENTAR
A Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA) participou intensamente das atividades da Cúpula dos Povos,
realizada entre os dias 15 e 23 de junho, no Rio de Janeiro. Movimentos
sociais, jovens, indígenas, dentre outros setores da sociedade, incluindo
participantes de outros países, sobretudo da América Latina, ocuparam as ruas
cariocas para lutar por justiça social e ambiental. A estimativa da organização
do evento é que aproximadamente 350 mil pessoas tenham circulado nos
territórios da Cúpula dos Povos. Ocorreram diversas manifestações e protestos,
além do intercâmbio cultural e de apresentação de experiências, nesses dias.
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CÚPULA DOS
POVOS SE ENCERRA COM AGENDA DE LUTAS E NÚMERO DE PARTICIPANTES ACIMA DO
ESPERADO INCIAL
Por Raquel
Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
Foto: Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz.
"A cúpula possibilitou o
aprofundamento de lutas conjuntas. Daqui para frente os quilombolas não estarão
sozinhos em Brasília, mas estarão com eles os indígenas, os camponeses, as
mulheres, as organizações sócio-ambientais. A Cúpula não é o ponto final de um
processo, aqui está apenas começando a luta". A declaração de Paulino
Montejo, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), na coletiva de
imprensa do último dia da Cúpula resume o sentimento geral do grupo articulador
da sociedade civil com o fim do evento - foi possível estabelecer nos oito dias
as convergências necessárias em resposta à conjuntura de financeirização da
natureza encabeçada pela ONU no processo oficial da Rio+20.
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VIA CAMPESINA PROMOVE MARCHA NA RIO+20 PARA
DENUNCIAR INTENSA UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS PELO AGRONEGÓCIO
Por André Antunes e Raquel Júnia
- Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Colaboraram:
Eduardo Sá e Katarine Flor.
Denunciar o modelo de produção
agrícola brasileiro baseado no agronegócio e propor alternativas para ele: esse
foi o objetivo da marcha organizada pela Via Campesina no último dia 21, que
levou cerca de 2,5 mil manifestantes à igreja da Candelária, centro do Rio de
Janeiro, de onde partiram em direção ao Pier Mauá, na região portuária. No
local, estava sendo realizada uma exposição organizada pela Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que reúne os expoentes do agronegócio
brasileiro, como a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
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“ACREDITAMOS QUE NOS PRÓXIMOS DIAS
DEVE SER ASSINADO O DECRETO” AFIRMA PEPE VARGAS
O ministro do desenvolvimento
agrário, Pepe Vargas, disse à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) no
final do debate “Segurança e Soberania Alimentar”, realizado na noite de anteontem
(19), na Cúpula dos Povos, que a Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica pode sair do papel em breve. O decreto que fixa sua execução está em
fase final de formatação, após meses de diálogo do governo com a sociedade. A
agroecologia tem sido apontada como a principal alternativa ao atual modelo de
desenvolvimento pelos movimentos sociais durante a Cúpula dos Povos.
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CURTA AGROECOLOGIA: VÍDEOS MULTIPLICADORES DE
EXPERIÊNCIAS QUE DERÃO CERTO
A Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA) lançou na Cúpula dos Povos na Rio+20 o projeto Curta
Agroecologia, com pequenos documentários em vídeo retratando experiências em
Agroecologia no Brasil. A ideia é dar visibilidade às iniciativas que vem dando
certo em diversas regiões do país, e fomentar, nos diferentes setores da
sociedade, o debate em defesa da mudança no modelo de desenvolvimento agrário
brasileiro. É fundamental que as pessoas do campo e da cidade tenham clareza da
importância da agricultura familiar camponesa e da alimentação saudável, bem
como outros benefícios e avanços civilizatórios da agroecologia, pois só assim
mudanças estruturais poderão ocorrer.
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A AGROECOLOGIA E A ESPERANÇA GLOBALIZADA
Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA), um movimento que está integrado cada vez mais com os
pequenos produtores e camponeses familiares, tanto no Brasil, como em redes
internacionais, aprovou uma série de reivindicações para a Rio+20. "A
verdadeira saída para a crise é fortalecer a agricultura camponesa, que mesmo
sem o apoio dos governos satisfaz 70% da necessidade de alimentos do mundo”,
diz Denis Monteiro, um dos coordenadores da ANA.
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MOÇÃO SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE
AGROECOLOGIA É APRESENTADA PELA PLENÁRIA DE SOBERANIA ALIMENTAR DA CÚPULA DOS
POVOS
Nós, participantes da Plenária sobre
Soberania Alimentar da Cúpula dos Povos, nos unimos ao Movimento Agroecológico
brasileiro e exigimos que a Presidenta Dilma institua a Política Nacional de
Agroecologia, na forma acordada com a Articulação Nacional de Agroecologia
(ANA) e os movimentos sociais do campo, incorporando as prioridades
apresentadas pela sociedade civil organizada, fundamentais para o
fortalecimento da agricultura familiar camponesa, povos indígenas e povos e
comunidades tradicionais e para a garantia da soberania alimentar no Brasil.
Rio, 17/06/2012.
AGRICULTURA INDUSTRIAL: UM DOS COMPONENTES DA
CRISE CLIMÁTICA
Por Raquel Júnia,
A agricultura industrial significa um
ecosuicídio porque em seu manejo produz os gases que afetam o seu próprio
funcionamento. A afirmação é de Miguel Altieri, da Sociedade Latinoamericana de
Agroecologia, e uma das principais referências mundiais nas pesquisas sobre o
tema. Para Altieri, são os sistemas tradicionais de agricultora que oferecem
hoje as soluções para a crise ambiental, por exemplo, os cultivos que
camponeses fazem em áreas que em parte do ano estão inundadas, nos quais os
peixes cumprem importante função no controle de pragas ou então, cultivos
cercados por bosques e florestas praticados por pequenos agricultores em várias
partes do mundo, que mantêm o equilíbrio climático .
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EFETIVIDADE DOS TRANSGÊNICOS É QUESTIONADA NA
CÚPULA DOS POVOS
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
Especialistas debateram no dia 16 os
malefícios dos alimentos geneticamente modificados no seminário Falsas
promessas dos transgênicos e os movimentos de resistência, realizado na tenda
Carmem da Silva. O debate é parte da Cúpula dos Povos, e foi organizado pela
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em parceria com a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Comitê
Brasileiro de Estudos na Saúde (CBES) e conta com o apoio de movimentos
sociais, como a Via Campesina. Participaram do debate Ana Carolina Brolo,
advogada da organização Terra de Direitos, Pat Mooney, Membro do Grupo de Ação
sobre Erosão, Tecnologia e Concentração (ETC, sigla em inglês), Vandana Shiva,
da Fundação por Tecnologia Científica e Ecologia da Índia (Navdanya) e Angelika
Hilbeck, da Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e
Ambiental.
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ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA DEBATE
ALTERNATIVAS PARA O AGRONEGÓCIO
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
A Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA) realizou na Cúpula dos Povos, durante os dias 15 e 16, o
seminário “Agricultura familiar e Camponesa e Agroecologia como alternativa à
crise do sistema agroalimentar industrial”.
A primeira palestra teve como tema Crise alimentar mundial e desafios à
soberania alimentar. Participaram da mesa Aksel Naerstad, da Coalizão More and
Better; Maria Emília Pacheco, da FASE/Conselho Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional no Brasil; Pat Mooney, Membro do Grupo de Ação sobre Erosão,
Tecnologia e Concentração (ETC, sigla em inglês). A mesa foi coordenada por
Jean Marc Von der Weid, da Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA).
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AGRICULTORES FAMILIARES NÃO QUEREM SER “AGRONEGOCINHO”
Por Raquel Júnia,
Presente na Cúpula dos Povos, a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) critica o
governo brasileiro pelo não reconhecimento das especificidades da agricultura
familiar na elaboração de políticas públicas para este seguimento. Segundo Zaré
Brum, representante da Contag, os camponeses organizados tiveram conquistas
importantes a partir da Constituição de 1988, como o Programa Nacional da
Agricultura Familiar (Pronaf), criado em 1996, a criação do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2003, o reconhecimento do direito à
aposentadoria rural no mesmo ano e em 2006, a promulgação da Lei da Agricultura
Familiar. Entretanto, há um claro direcionamento das políticas públicas para o
agronegócio. “Há um disputa muito grande hoje dentro da academia e do governo e
que vem contaminando inclusive os próprios movimentos sociais de um discurso
negando a especificidade da agricultura familiar em relação à agricultura industrial.
Esse discurso está pautando a elaboração de políticas que acreditam que o
desenvolvimento da agricultura familiar pode se dar através de um padrão
tecnológico próximo ao do agronegócio e que a única diferença entre os dois
modelos seria a escala de produção. Muitas políticas vêm se pautado para o que
chamam de agronegocinho”, diz.
Leia mais...Secretaria Executiva da ANA
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