terça-feira, 30 de novembro de 2010

Carta das Mulheres em Defesa do Clima e da Amazônia


Documento resultante da Roda de Conversa no V FSPA rechaça as saídas como o Mecanismo de REDD, bolsas floresta, créditos de carbono e pede justiça em relação à imensa dívida climática dos grandes negócios para com as mulheres, povos indígenas, tradicionais e para com as comunidades urbanas e rurais contemporâneas e do passado. 

Nós, mulheres da Amazônia, indígenas, negras, ribeirinhas, quilombolas, trabalhadoras rurais e urbanas, membros de ONG e de associações de mulheres, reunidas na  Roda de Conversa sobre Mudanças Climáticas e as mulheres, promovida pelo GMEL – Grupo Mulher, Ética e Libertação e a PMM – Pastoral da Mulher Marginalizada - durante o Fórum Social Pan Amazônico, no dia 26 de novembro de 2010, em Santarém – Pará, diante do que foi discutido e exposto sobre os temas, afirmamos que são os grandes projetos agrários, as grandes empresas que produzem para o capital, as hidrelétricas, mineradoras, ferrovias e hidrovias, o desmatamento desordenado provocado principalmente pelas grandes empresas e pelas madeireiras, o alto padrão de consumo, as queimadas e lagos formados por hidrelétricas, os lixos depositados em nossos rios pelas embarcações e fluxo das cidades que são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas e sociais na vida das mulheres da Amazônia, afetando principalmente sua saúde física, moral e psicológica, prejudicando o acesso a alimentação, à terra, à moradia e ao meio ambiente saudável, impedindo o seu bem-viver, sua trajetória de emancipação e libertação, rumo a um tipo de progresso e desenvolvimento que não são o que nos pedimos.

Pelas migrações em decorrência das secas e queimadas, pela falta de alimentos em decorrência da existência de outras culturas agrárias e tipos de reflorestamentos ou florestamentos inadequados como o deserto verde do eucalipto, pelo cultivo de plantas esquisitas ao nosso bioma com a finalidade de produzir agrocombustiveis, pela mudança do clima em razão dos desmatamentos diminuem as chances de emprego e moradia para as mulheres e seus filhos e muitas tem que migrar, ficando mais vulneráveis à prostituição, ao tráfico de seres humanos, à exploração de adolescentes, às drogas e entorpecentes, à violência doméstica, ao analfabetismo e ao abandono da escola, ao trabalho escravo e à falta de água e energia, às doença s de si e de seus filhos, muitas chegando à morte prematura, inclusive por exaustão.

Entendemos que a problemática das mudanças do clima em nossa região panamazônica é, principalmente, uma questão de injustiça climática e sócio-ambiental às mulheres e povos que aqui vivem.
Nós, mulheres, resistimos, não nos vendemos ao mecanismo de REDD+ e REDD++, bolsa floresta e créditos de carbono e clamamos pelo resgate das dívidas climáticas e por justiça sócio-ambiental aos povos panamazônicos, à Mulher-Mãe Terra, e principalmente, às mulheres que são quem mais sofrem impactos e são responsabilizadas de administrar o sucesso ou insucesso das saídas propostas pelas políticas dos governos e empresas.

Rechaçamos as saídas como o Mecanismo de REDD – Reduções de Emissões por Desflorestamento e Devastação pelos usos da terra, bolsas floresta, créditos de carbono etc. Que tenta colocar sobre ombros das comunidades tradicionais, famílias da pequena agricultura e as mulheres a responsabilidade de esfriar a região e sofrer o ônus das mudanças climáticas.

Queremos que os grandes poluidores, desmatadores e devastadores, donos dos latifúndios, das grandes empresas transnacionais e nacionais, patrões do agronegócio e da pecuária exportadora sejam responsabilizados pela imensa dívida climática para com as mulheres, povos indígenas, tradicionais e para com as comunidades urbanas e rurais contemporâneas e do passado.

Portanto, exigimos reparações equitativas urgentes, exigimos participar dos espaços de poder e decisão, pois, queremos respirar, nadar, correr, comer; queremos viver bem felizes com nossos filhos e filhas com um clima e meio-ambiente saudável para nós, para a floresta, para nossa Mãe-Terra e todos os seus outros filhos que estão morrendo por descuido e injustiça climática como os animais nativos, nossos peixes e nossa imensa biodiversidade.

Queremos um modelo desenvolvimento mais justo do ponto de vista sócio-ambiental, do ponto de vista econômico e do ponto de vista da eqüidade de gênero, raça e etnia.
Nós mulheres esfriamos o planeta, mas queremos fazê-lo com justiça sócio-ambiental e com o resgate das dívidas climáticas, das quais somos as maiores credoras.

Contatos: rmdca@gmail.com; rmdca@ibest.com.br; pmm_articulacao@hotmail.com

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mulheres são destaque no V Fórum Social Pan Amazônico




“As mulheres são como as águas... crescem quando se encontram.”
O famoso encontro das águas em Santarém, reunindo os Rios Amazonas e Tapajós, deu o mote para o movimento de mulheres da Amazônia brasileira marcar sua participação na abertura do V FSPA. Um grande cortejo cultural, que deverá terminar na orla do Rio Tapajós, no centro da cidade estará sendo preparado e estima-se a presença de mais de cinco mil pessoas, vindas principalmente dos oito países que compõe atualmente a Pan-Amazônia.
Como o dia 25 de novembro é também o Dia Internacional contra a Violência à Mulher, lideranças feministas preparam uma bela manifestação para o evento de abertura. “Vamos mostrar a aliança das entidades femininas indígenas e africanas na defesa das águas”, explica Nilde Sousa, do MAMA (Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia). Representando figuras conhecidas de nossa cultura popular, como Iara, Iemanjá, a cabocla Nanã, as mulheres pretendem convocar um grande abraço significando a aliança dos povos, e a defesa da floresta e da terra, além das águas.
“O processo de organização do Fórum aqui é diferenciado”, fala Nilde, “pois trabalhamos várias linguagens, já que o povo amazônico expressa-se muito pela música, pelos tambores”. Um destaque maior para o tema da violência contra a mulher foi proposto pelas feministas, que queriam fazer um pequeno ato durante a tradicional marcha de abertura do Fórum, mas não foi aprovado pela coordenação. “As mulheres vão tomar conta do Pan?!!”, foi comentário ouvido por Luciene Santos, da Associação de Domésticas de Santarém.
Casa Feminista
De acordo com as lideranças, as mulheres se organizam para ter incidência em todos os eixos, embora tenham programado debates específicos, como um Diálogo entre feministas e Indígenas sobre o conceito do “bem viver” e o Tribunal “Impactos Ambientais na vida das Mulheres”, que acontecerá no primeiro período de debates, no dia 26, na Câmara Municipal de Santarém. Nilde destaca a diversidade de mulheres da Amazônia que estarão representadas neste FSPA, como as extrativistas, as quilombolas, as camponesas e as “icambiabas”, que são as mulheres guerreiras, conhecidas como amazonas.
Elas estão empenhadas na organização da “Casa Feminista” em uma das escolas que estão sendo preparadas para receber os participantes. Lídia Costa, da Articulação de Mulheres do Amapá, uma das mais entusiasmadas, explica o necessário rodízio a ser feito entre as mulheres, para dar conta das várias tarefas de manutenção da casa, do plantão diário à limpeza, cozinha, primeiros socorros. A “Casa Feminista”- que já tem mais de uma centena de mulheres inscritas - funcionará na Escola Rubens Ludwig, próxima ao Parque da Cidade, principal território do Fórum. Atividades culturais rolarão todas as noites.
Quilombolas
Fortes presenças da organização feminista local vêm do Grupo de Mulheres Quilombolas de Santarém, com lideranças dos quilombos de planalto (em terra firme) e de várzea, como Maicá, Saracura e Arapemã. Além dos indígenas, a população negra é muito forte nos movimentos sociais do Pará, onde existem muitos quilombos. São dez as comunidades em processo de titulação coletiva, como informa Águida Vasconcelos, da Coordenação de educação étnico racial do municipal de Santarém. “Existem 1050 alunos matriculados nas escolas quilombolas”, conta Águida. “O movimento negro é muito organizado”, diz a educadora. “Toda segunda-feira, as lideranças se reúnem na FOQS (Federação dos Quilombos de Santarém), para tratar de suas questões de educação, saúde, território, cultura, etc”. Resultado da diáspora africana para nosso país, e da luta pela liberdade, as quilombolas sabem da sua importância na construção de outra Amazônia possível.
Atualmente a Pan-Amazônia é uma região que se espalha pelo território nacional de oito países ( Suriname, República Cooperativa da Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador,Peru, Bolívia e Brasil) e um Departamento da França (Guiana Francesa). Com exceção do Suriname, República de Guiana e Guiana Francesa, todos os demais são países tem o seu poder político e econômico centralizado em outras regiões. Assim, a maioria de suas populações tem sido excluída das principais decisões sobre a Amazônia, território cobiçado internacionalmente, e delegações de todos esses países se farão presentes. São quatro os eixos deste V FSPA: Em defesa da mãe terra e dos territórios; Poder para os povos pan-amazônicos; Direitos Humanos e Cultura, Comunicação e Educação Popular.
Por: Terezinha Vicente Fonte: Ciranda.net

http://www.forumsocialpanamazonico.org/article299.html

http://www.ciranda.net/spip.php?page=fsm

sábado, 20 de novembro de 2010

Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia (RMERA) realiza PROFOR AGROECOLOGIA

A RMERA realizou o 1º Módulo do PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DE INICIATIVAS EMPREENDEDORAS DE MULHERES RURAIS DA AMAZÔNIA: construindo, integrando e disseminando saberes em Agroecologia
Participaram mais de 50 mulheres de diversas regiões do Pará e de outros estados da Amazônia: agricultoras, extrativistas, artesãs, da agricultura familiar, assentadas, quilombolas, quebradeira de coco babaçu, indígenas, técnicas da Fase Amazônia, secretaria de mulheres da Fetagri, MMNEPA e APACC.
O 1º Módulo aconteceu em Benevides, de 15 a 19 de novembro de 2010, no Centro de Formação Mariapolis (Av. Augusto Meira Filho, 1000 - Tel.: (91) 3724-1358).
Neste primeiro módulo foram tratados os seguintes temas:
  •   Gestão associativista, cooperativista e gênero
  •  Economia solidária, agroecologia e feminismo: encontros e confluências
  •   Mulheres e Agroecologia: desafios políticos e metodológicos 
  •   O feminismo como pensamento crítico e como ação política
A Atividade foi executada pela RMERA e suas entidades parceiras, FASE, FETAGRI, MMNEPA e APACC. 




Sobre a RMERA: 
A RMERA surgiu em 2002, para articular e fortalecer iniciativas econômicas de mulheres da região Amazônica, com base nos princípios da economia solidária e da agroecologia.
A rede busca ampliar a visibilidade desses empreendimentos, estimular o intercâmbio de experiências, fortalecer as organizações nas áreas da produção, beneficiamento, gestão e comercialização, e apoiar esforços por políticas públicas de enfrentamento às desigualdades de gênero. 

A RMERA atua em 9 estados da Amazônia Legal, abrangendo segmentos de mulheres como trabalhadoras rurais, quilombolas, quebradeiras de coco, artesãs e pescadoras.
Ela integra grupos informais, associações, cooperativas e sindicatos, num total de 150 iniciativas econômicas.
Contatos: 

Solange Aparecida: Secretária Executiva da RMERA: aparecesol@hotmail.com - 91-40053773

Coordenação da RMERA:

Euci Ana da Costa Gonçalves,
Vice presidente e Secretaria de Mulheres
da FETAGRI-Pará
91-84124973/32412419

Graça Costa
Coordenadora Regional da FASE Amazônia
91-81501460/40053759

Rita Teixeira
Coordenadora do MMNEPA
91-91964395/34621818

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Oficinas no Território da Cidadania do Baixo Tocantins/Pará

Aquicultura no Caripi-Cametá, julho 2010

Agora em novembro, está em curso uma série de Oficinas no Território da Cidadania do Baixo Tocantins/Pará, com o objetivo qualificar as ações do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável-PTDRS. 
  • Dias 4 e 5 de novembro de 2010 - município de Tailândia, com o tema Oleaginosas Nativas e Biodísel.
  • Nos dias 11 e 12 de novembro de 2010 - município de Cametá, com o tema Pesca, Aquicultura, Apicultura e Mulheres. Local : Casa Familiar Rural de Cametá - Endereço: Estrada do Coco, Km 05 Cametá/Pará 
  • Dias 17 e 18 de novembro de 2010 -  município de Moju, com o tema mandioca, fruticultura e Quilombolas.
Realização: Colegiado de Desenvolvimento Territorial  do  Baixo Tocantins (CODETER)
Assessoria APACC
Apoio: SOMEC

Maiores informações:
Daltro Paiva (91) 3229-3857 Celular (91) 9114-0662 (APACC)
Franquismar Marciel (91) 3781-2062 Celular (91) 9119-9541 (APACC)
Ruivan Xavier (91) 9194-2087 (APACC)