Agroecologia

Produção Agroecológica e responsabilidade Social

Rosa Godinho – Diretora do Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária de
Santarém (CEAPAC), Maio de 2011.

A importância da agroecologia para o desenvolvimento regional e o 
papel das populações tradicionais.
           
A agroecologia é uma ciência multidisciplinar que surge a partir dos anos 70, na tentativa
de juntar duas ciências que até então eram praticamente contrárias. Por um lado estava a
 Ecologia que é o estudo dos seres vivos e do meio abiótico (clima, solo, água etc...) com
suas intra  e inter-relações, na tentativa de entender melhor o funcionamento da
natureza. No outro extremo, estava a Agronomia, a ciência que cria técnicas, visando
a produção de produtos animais e vegetais para o uso humano, através da transformação
tecnificada do ambiente. Enquanto a Agronomia pretende adaptar a natureza às necessidades
de produzir alimentos sem se preocupar pelo impacto que as transformações podem causar.

Por outro lado entendemos por agroecologia as práticas agroecológicas que não são uma
idéia nova, e sim vêm acompanhando a evolução humana. Em cada época, em todo
lugar do mundo, contou-se com técnicas empíricas de produzir sem alterar 100% a natureza.

Desta forma a busca por alternativas agroecológicas de produção, também faz-se
ecessária para encontrar respostas aos grandes problemas mundiais, especialmente as
problemáticas de nossa região como  o desmatamento no Baixo Amazonas e na Amazônia
como um todo, não apenas em função dos impactos sócio-ambiental em âmbito regional, mas
também pelo papel das florestas  amazônicas para o clima global.  Muitos são os fatores que
causam esse desmatamento, entre eles a atividade desordenada de exploração madeireira,
a agricultura mecanizada com suas monoculturas extensivas, a pecuária extensiva e as práticas
de uso de fogo, esta última praticada pelas famílias de pequenos agricultores, que são os que
mais sentem os efeitos desta exploração irracional dos recursos naturais, com a escassez
dos recursos aquáticos falta de segurança alimentar e pouco acesso  a infra estrutura.
No entanto, a agroecologia consegue oferecer alternativas de usar os recursos naturais
de maneira a garantir preservação dos mesmos e, ao mesmo tempo, atender melhor
as demandas das populações rurais tradicionais.
Essa discussão tem orientado até mesmo mudanças nos critérios de liberação de créditos e
na prática de uma assistência técnica mais coerente com a manutenção dos recursos naturais.
Neste contexto, as populações tradicionais da Amazônia já possuem novos instrumentos para
reagir pelo reconhecimento do seu direito a terra e no contexto à grilagem de terra. Esse é um
movimento espalhado por toda a região norte, utilizando como estratégia o uso sustentável
oficial daquilo que é mais valioso em termos financeiros localmente: a madeira.
Como atenuante dos efeitos causados pelas grandes indústrias madeireiras legais ou não.
Iniciativas comunitárias tem sido mais frequentes como proponentes e executoras de planos
de manejo. Estes atores desejam organizar-se, desenvolver a gestão ambiental, obter a
regularização fundiária, conseguir autonomia econômica, aumentar as alternativas de uso
da terra, ter segurança social, impedir a invasão de grileiros, madeireiros e outros grupos
que propagam a derrubada sistemática  e vil da floresta.
As comunidades tradicionais, cuja mentalidade e o estilo de vida são singulares
e diferenciados àqueles praticados pela civilização moderna das grandes cidades, começam
a assumir uma tática de conservação dos seus recursos humanos e naturais sem relegar a
importância de sua atividade como fonte de renda; reservas naturais intactas somente não
os interessam. Querem participar das discussões sobre o futuro de sua região, onde o manejo
madeireiro é uma das suas permissões de entrada. Pretendem uma economia em que os ganhos
sejam mais bem repartidos e mais pessoas tenham oportunidade de lucrar com a floresta e seus a
spectos produtivos.
Para que essas populações possam usufruir dos seus direitos é necessário que os órgãos ambientais
sejam mais parceiros das comunidades. Precisam trocar idéias para a adequação de seus
instrumentos legais, dialogar com os trabalhadores rurais. Uma vez estreitados esses laços,
tem-se uma força importante na luta pela da floresta amazônica, na luta por mercados que utilizem
produtos florestais madeireiros e não madeireiros  de origem manejada. Vencer esse desafio e
xige um esforço conjunto de todos os atores
O enfoque dessas discussões vai se concretizando aos poucos nas ações implementadas a
través de programas governamentais e projetos em várias instâncias e envolvendo vários atores
– Tais atores estão articulados no Colegiado de Desenvolvimento Territorial (CODETER)
O manejo comunitário de base sustentável surge como uma alternativa para essas populações
no sentido de melhoria e qualidade de vida. Como implantar esse processo é o desafio enfrentado
 pelas comunidades tradicionais, em vista da burocracia existente nos órgãos que acaba onerando
custo e tempo para os comunitários, desejosos de trabalhar de uma forma harmoniosa com a natureza.
Os municípios de modo geral, apresentam dinâmicas econômicas que estão ligadas a atividades
agrícolas que absorvem no que diz respeito à agricultura familiar, um percentual considerável
de trabalhadores, mas ainda apresentam, no entanto, baixa eficiência econômica.
São necessário investimentos em infraestrutura básica que possam assegurar ou proporcionar
melhorias no transporte rural para possibilitar o escoamento dos produtos oriundos da produção
familiar, além da criação de pontos de comercialização, pois o meio de transporte entre a maior
parte dos municípios é via fluvial.

- No aspecto produtivo a grilagem de terra, a falta de regularização fundiária, a disputa
de mercado, a desorganização da produção e a expansão do agronegócio são apontadas
como os principais conflitos existentes no território, o que leva a necessidade de ações
voltadas a regularização de terras; com isso espera-se que a distribuição de renda possa ser
mais eficiente para a população.
            
A Agroecologia e o associativismo apresentam-se oportunidades, como elementos essenciais
para um novo padrão de desenvolvimento, agregando valor aos produtos e estimulando a
organização dos produtores em padrões consideráveis de competitividade. Daí a
importância e a necessidade de estimular a introdução e experimentação de novas
técnicas produtivas conciliando a geração de renda com a manutenção e o equilíbrio
dos recursos naturais.

 Desta forma é possível dizer que neste contexto a agroecologia assume a responsabilidade
social como um processo motivador para o crescimento regional.



 

domingo, 6 de fevereiro de 2011


REVOLUÇÃO DA ENXADA URBANA : 

fazer parte dessa revolução silenciosa é muito simples!

Instituto Refazenda-Pará

Você vai ver como é que uma horta caseira pode acontecer, mais que legal, revolução da enxada urbana é sensacional!

Os agricultores de terraço, revolucionários da enxada urbana,  gritam cada vez mais 
alto através de seus cultivos. Ter temperos em casa produzidos por você é 
mais do que gratificante, é ajudar e ser ajudado e cultivar e ser cultivado.
Coloco aqui em forma de receita de bolo como ter uma horta de temperos em casa:

Ingredientes:

Estrutura da horta:
  • 1  sementeira de um metro por 20 cm
  • 1 balde pequeno de Seixo
  • 1 balde de Folhas grandes(podem ser secas ou verdes)
  • 1/5 balde de folhas secas pequenas.
  • Amor
Preparo do solo:
  • 16 kg de terra preta
  • 4 kg Húmus de minhoca
  • 500g de farinha de osso
  • 500g de torta de mamona
  • Amor
  • 1 kg Esterco bem curtido ( a gosto)
Espécies:
  • 30g de semente de salsa
  • 2 galhos de manjericão
  • 1  muda de alfavaca
  • 1 muda de hortelã
  • Amor

Modo de preparo:

Preparando a massa (o solo):
Coloque na sementeira primeiramente as folhas bem espaçadas de modo que seja p
reenchido todo o chão da sementeira, logo após coloque o seixo da mesma forma.
Adicione a terra o húmus a farinha de osso e mamona. Mexa bem para não grudar.
Recheando (as plantas):
Em 30 cm de espaço na sementeira faça mínimos buracos com o dedo, isso
deve ser feito com muita delicadeza, pois a maioria das vezes que as pessoas
plantam sementes estas não nascem simplesmente porque ficam muito em baixo
da terra, esse buraco deve ser feito de forma que praticamente não apareça,
depois disso coloque as sementes de salsa, mais ou menos 5 em cada buraco,
cubra os com pouquíssima terra, praticamente nada(uma camada de menos
de 0,5 cm). Deixe em descanso por 8 dias.
Em outros 20 cm de terra enterre os dois galhos de manjericão, de modo
que fiquem espaçados um do outro. Deixe em descanso por 8 dias somente
molhando e deixando no sol da manhã nos 4 primeiros dias, depois deixe no
sol o dia todo.
Em outros 20 cm plante a muda de alfavaca, esta deve ficar sempre de acordo
com a superfície da terra da sementeira. Deixe em descanso por 8 dias somente
molhando e deixando no sol da manhã nos 4 primeiros dias, depois deixe no sol
o dia todo.
Nos 30 cm restantes coloque a muda de hortelã bem ao centro, pois esta espécie
irá espalhar  por todos o seu espaço na sementeira. Lembrando sempre de deixar
a muda plana em relação a terra da sementeira. Deixe em descanso por 8
dias somente molhando e deixando no sol da manhã nos 4 primeiros dias, depois
deixe no sol o dia todo.
Retirando do forno:
Após 8 dias as mudas de salsa já estarão crescendo, os galhos de manjericão j
á vão ter criado raízes a alfavaca estará crescendo e o hortelã se espalhando.
Colocando a cobertura:
Amasse as folhas pequenas o quanto puder e coloque-as na sementeira em torno
das culturas plantadas. Só não coloque cobertura no hortelã para que ele possa se
espalhar melhor.
Observação mais que importante: Adicione amor em todos os momentos.

Com um mês você já poderá estar retirando os 

temperos da horta e então é só degustar!!!


Se você se interessou pela receita, quer cultivar esses temperos e muitos outros,  
quer tirar dúvidas ou simplesmente bater um papo sobre Hortas urbanas ou 
qualquer outro assunto relacionado ao novo paradigma desse planeta 
lindo, mande um email: FernandoParaense@hotmail.com
O filme "Lixo extraordinário", coprodução do Brasil e Reino Unido, foi anunciado nesta terça-feira (25 de janeiro de 2011) como um dos indicados para o Oscar de melhor documentário.

Vencedor de prêmios de público nos festivais de Sundance e Berlim em 2010, o filme foi dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley.

Gravada ao longo de três anos, sua trama acompanha um projeto social do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ) - considerado o maior da América Latina e cenário de outro documentário premiado, "Estamira" (2004), de Marcos Prado.

http://www.youtube.com/watch?v=grDS6VeUb_0
Veja também neste Blog!!!!http://belemcontraolixo.blogspot.com/2011/01/lixo-extraordinario-2009-trailer_25.html

 

SOS Florestas lança cartilha sobre o Código Florestal


 O coleitvo de organizações governamentais que compõe o SOS Florestas  lançou no dia 27 de janeiro, a cartilha Código Florestal, entenda o que está em jogo com a reforma da nossa  legislação ambiental
A publicação busca explicar, com argumentos técnicos, científicos e históricos, as principais consequências das mudanças propostas pelos deputados ruralistas ao Código Florestal.

Com o documento, o SOS Florestas procura levar para parlamentares, imprensa e cidadãos brasileiros um debate que vem ocorrendo em portas fechadas, de forma tendenciosa sem ouvir o movimento social, especialistas e academia. A cartilha será distribuída para parlamentare. 
Clique no link abaixo para fazer o download da publicação.

Agroecologia no Brasil


O mercado interno ainda é pequeno, com predominância de hortifrutigranjeiros, todavia o potencial de crescimento é enorme



O Brasil também está investindo firme neste setor e, segundo dados atuais, o comércio nacional atingiu, em 1999/2000, cerca de 150 milhões de dólares. Estima- se que a área cultivada organicamente no país já atinge cerca de 25 mil hectares, perto de 2% da produção total nacional. 70% da produção nacional vai para a exportação, despontando a soja, laranja, banana, açúcar mascavo e café.
O mercado interno ainda é pequeno, com predominância de hortifrutigranjeiros, todavia o potencial de crescimento é enorme. A taxa de crescimento no Brasil já é estimada em 50% anual.
Em Santa Catarina, há quatro ou cinco anos atrás não havia mais do que cinco ou seis grupos ou associações de produtores agroecológicos, agora em 2001 já existem cerca de 40 associações, perfazendo 1000 famílias rurais, fora produtores e empreendimentos isolados em várias regiões do Estado.
As organizações não governamentais foram entidades pioneiras na introdução e divulgação da produção agroecológica em Santa Catarina, como de resto no Brasil. Entretanto, nos últimos anos, as universidades e o sistema de pesquisa e extensão também se voltaram a este importante segmento. 

Fontes: www.amda.org.br/interna_acoes_agroecologia.asp www.epagri.rct-sc.br/agroecologia/agroecologia_sc.html www.aultimaarcadenoe.com.br/agroecologia.htm diocese.pelotas.tche.br/agroecol.htm
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/agroecologia/agroecologia_no_brasil.html

Livros Básicos
 1 - Construção do Conhecimento Agroecológico - Articulação Nacional de Agroecologia
http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Constru%C3%A7%C3%A3o_do_Conhecimento_Agroecol%C3%B3gico.pdf 

2 - AGROECOLOGIA - DINÂMICA PRODUTIVA DA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL, Miguel Altieri

http://www.agroeco.org/socla/archivospdf/Agroecologia_-short-port.pdf

3 ABA - http://www.aba-agroecologia.org.br/aba2/images/pdf/tr01.pdf

4. CORDEL Consumo de Orgânicos -  http://www.cecor.org.br/uploads/cordel_versos_consumo_de_organicos.pdf  

 

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28.01.11 - Brasil

‘É dando que se recebe?’
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
Estamos em tempos de montagem de governos. Há disputas por cargos e funções por parte de partidos e de políticos. Ocorrem sempre negociações, carregadas de interesses e de muita vaidade. Neste contexto, se ouve citar um tópico da inspiradora oração de São Francisco pela paz "é dando que se recebe” para justificar a permuta de favores e de apoios onde também rola muito dinheiro. É uma manipulação torpe do espírito generoso e desinteressado de São Francisco. Mas desprezemos estes desvios e vejamos seu sentido verdadeiro.
Há duas economias: a dos bens materiais e a dos bens espirituais. Elas seguem lógicas diferentes. Na economia dos bens materiais, quanto mais você dá bens, roupas, casas, terras e dinheiro, menos você tem. Se alguém dá sem prudência e esbanja perdulariamente acaba na pobreza.
Na economia dos bens espirituais, ao contrario, quanto mais dá, mais recebe, quanto mais entrega, mais tem. Quer dizer, quanto mais dá amor, dedicação e acolhida (bens espirituais) mais ganha como pessoa e mais sobe no conceito dos outros. Os bens espirituais são como o amor: ao se dividirem, se multiplicam. Ou como o fogo: ao se espalharem, aumentam.
Compreendemos este paradoxo se atentarmos para a estrutura de base do ser humano. Ele é um ser de relações ilimitadas. Quanto mais se relaciona, vale dizer, sai de si em direção do outro, do diferente, da natureza e até de Deus, quer dizer, quanto mais dá acolhida e amor mais se enriquece, mais se orna de valores, mais cresce e irradia como pessoa.
Portanto, é "dando que se recebe”. Muitas vezes se recebe muito mais do que se dá. Não é esta a experiência atestada por tantos e tantas que dão tempo, dedicação e bens na ajuda aos flagelados da hecatombe socioambiental ocorrida nas cidades serranas do Rio de Janeiro, no triste mês de fevereiro, quando centenas morreram e milhares ficaram desabrigados? Este "dar” desinteressado produz um efeito espiritual espantoso que é sentir-se mais humanizado e enriquecido. Torna-se gente de bem, tão necessária hoje.
Quando alguém de posses dá de seus bens materiais dentro da lógica da economia dos bens espirituais para apoiar aos que tudo perderam e ajudá-los a refazer a vida e a casa, experimenta a satisfação interior de estar junto de quem precisa e pode testemunhar o que São Paulo dizia: "maior felicidade é dar que receber” (At 20,35). Esse que não é pobre se sente espiritualmente rico.
Vigora, portanto, uma circulação entre o dar e o receber, uma verdadeira reciprocidade. Ela representa, num sentido maior, a própria lógica do universo como não se cansam de enfatizar biólogos e astrofísicos. Tudo, galáxias, estrelas, planetas, seres inorgânicos e orgânicos, até as partículas elementares, tudo se estrutura numa rede intrincadíssima de inter-retro-relações de todos com todos. Todos co-existem, interexistem, se ajudam mutuamente, dão e recebem reciprocamente o que precisam para existir e co-evoluir dentro de um sutil equilíbrio dinâmico.
Nosso drama é que não aprendemos nada da natureza. Tiramos tudo da Terra e não lhe devolvemos nada nem tempo para descansar e se regenerar. Só recebemos e nada damos. Esta falta de reciprocidade levou a Terra ao desequilíbrio atual.
Portanto, urge incorporar, de forma vigorosa, a economia dos bens espirituais à economia dos bens materiais. Só assim restabeleceremos a reciprocidade do dar e do receber. Haveria menos opulência nas mãos de poucos e os muitos pobres sairiam da carência e poderiam sentar-se à mesa comendo e bebendo do fruto de seu trabalho. Tem mais sentido partilhar do que acumular, reforçar o bem viver de todos do que buscar avaramente o bem particular. Que levamos da Terra? Apenas bens do capital espiritual. O capital material fica para trás.
O importante mesmo é dar, dar e mais uma vez dar. Só assim se recebe. E se comprova a verdade franciscana segundo a qual ”é dando que recebe” ininterruptamente amor, reconhecimento e perdão. Fora disso, tudo é negócio e feira de vaidades.
[Autor de A oração de São Francisco, Vozes 2010].
http://www.adital.com.br/?n=bwle
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A pintura da sua obra pode ser sustentável, sem ‘manchar’ o meio ambiente

Publicado em janeiro 25, 2011 por HC
[Envie este texto por Email]Reportagem de Danuza Mattiazzi – Vida Orgânica.
Existem inúmeras maneiras de causar menos impacto ao meio ambiente no nosso dia a dia.
Separar o lixo e destinar para reciclagem, gastar menos água e energia, usar menos sacolas plásticas são ações simples já conhecidas que, aos poucos, conquistam mais adeptos.
Mas e ao reformar a casa, por exemplo, podemos ser ecológicos? A bioconstrução já mostra que são diversas as formas de gerar menos poluentes.
É preciso dar atenção ao entulho – procurar reaproveitar o que for possível e o restante destinar à reciclagem. Priorizar produtos e mão-de-obra locais e materiais sustentáveis também tornam uma obra mais “verde”, como tijolos especiais, madeira de reflorestamento, telhas e piso reciclados.
Outra alternativa são as tintas e revestimentos ecológicos. Feitos a partir de diferentes matérias-primas naturais, não possuem solventes e metais pesados encontrados em pigmentos sintéticos.
O produto sustentável pode sair mais caro que o convencional, mas o investimento compensa. Segundo o bioconstrutor Gustavo de Souza, a pintura, além de ecológica, tem mais qualidade e acabamento diferenciado.
- É um material atóxico e inodoro, resistente às intempéries, de longa durabilidade, não trinca, não desbota, não descasca e quando descartado na natureza se reintegra sem impactar negativamente – garante Gustavo, que trabalha com construções sustentáveis.
A principal matéria-prima do produto que Gustavo utiliza é a terra, em diferentes cores e tonalidades, extraída de jazidas certificadas. A produção do pigmento é um processo físico, sem emissões tóxicas e com baixo consumo de energia.

A tinta é a base d’água, não forma película sintética e possui uma porosidade que deixa a parede “respirar”, ou seja, permite a troca de calor entre os ambientes.
A temperatura dos cômodos fica mais agradável e, consequentemente, o consumo de energia com refrigeradores de ar diminui.
O produto pode ser aplicado na parte interna ou externa das construções, em superfícies de alvenaria, madeira, metal, plástico e gesso. O rendimento é de, pelo menos, 1 litro/m² com duas demãos acabadas.
- A tinta funciona como uma pasta de acabamento, sendo assim dispensa massa corrida ou fundos preparatórios, exceto quando aplicada sobre gesso, gerando economia no custo final por metro quadrado – afirma Gustavo.
Existem também outros tipos de tinta natural, feitos de cal, caseína, minerais, proteínas, óleos e frutas (veja exemplos abaixo).
A segurança para quem pinta é outro benefício dos pigmentos ecológicos, já que não possuem compostos orgânicos voláteis (COVs).
Os COVs são substâncias poluentes derivadas do petróleo que agridem a camada de ozônio e a saúde dos seres humanos, pois são cancerígenos.
As tintas ecológicas também são isentas de conservantes e, por isso, têm prazo de validade menor que as convencionais. A secagem da pintura sustentável demora um pouco mais, pois não há substâncias químicas no produto que aceleram a secagem.
As sobras de tinta natural podem ser descartadas junto com o lixo orgânico. Já os pigmentos à base de solventes são tóxicos e precisam de tratamento especial.
Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 23 de dezembro de 2010, as lojas revendedoras são obrigadas a coletar os recipientes e destiná-los para descontaminação e reciclagem.
Com tantas opções sustentáveis de uso e descarte, é possível não deixar “manchas” no meio ambiente ao colorir a sua obra.
- O custo benefício, qualidade e características fazem com que a tinta ecológica seja uma das mais baratas se levarmos em conta o preço que toda a sociedade paga junto com o desajuste do clima e o aquecimento global. Os impactos gerados pelo modelo convencional de construção onera toda a sociedade com um preço que já está sendo pago e ainda ficará para as futuras gerações – defende Gustavo de Souza, adepto da bioconstrução.
Tipos de pigmentos naturais (fonte: Atitude Sustentável)
Tinta de caseína: é a mistura da caseína – uma proteína do leite – com pigmentos. O acabamento é uniforme e é utilizada para paredes internas e móveis. A mistura pode inclusive ser feita em casa.
Tintas de cal: feitas com cal e pigmentos naturais, dão uma aparência leve e antiga nas paredes internas e externas.
Tintas naturais ou orgânicas: são feitas com extratos vegetais e minerais misturados com óleos e resinas naturais. Podem ser feitas em casa com frutas ou verduras.
Tintas livres de COVs: quase idênticas às tintas comuns, ainda são mais caras que as tintas convencionais.
Tintas minerais: feitas de materias minerais, não contém substâncias tóxicas. Ela deve ser diluída em água antes do uso. Pode ser encontrada na Idhea.
EcoDebate, 25/01/2011

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Os desafios da Agricultura familiar
Dentre as políticas públicas priorizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) nos últimos anos, certamente o incentivo à agricultura familiar ganha destaque. Dentro dessa linha, em junho de 2009, o governo federal sancionou uma lei que estabelece que um mínimo de 30% dos recursos disponíveis para compra de alimentos da merenda escolar seja proveniente da agricultura familiar, priorizando assentamentos de reforma agrária e comunidades indígenas e quilombolas. Apesar disso, quem não é do meio rural desconhece a importância desse segmento, e especialistas apontam desafios que ainda precisam ser vencidos, como a distribuição de renda no campo e fixação do pequeno agricultor, a universalização do crédito e a transferência de tecnologia às propriedades familiares.

De uma forma geral, a parcela da população urbana é pouco informada sobre o papel da agricultura familiar em suas vidas, quais nichos ela vem ocupando, principalmente no abastecimento interno, e qual a sua importância social. Entretanto, dados do MDA indicam que 70% de alimentos consumidos no Brasil são provenientes da agricultura familiar, que participa de 9% do produto interno bruto (PIB) do país, ou seja, um terço do agronegócio brasileiro. Mesmo assim, especialistas acreditam que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados para a preservação da agricultura familiar pelo país.

Para o professor Manoel Baltasar Baptista da Costa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a agricultura familiar assume a importância fundamental de empregadora de uma considerável parcela da população rural. A questão mais séria é a de geração e distribuição de ocupação e renda, explica Baltasar. Além disso, segundo ele, em alguns países da Europa, a agricultura familiar é preservada inclusive na perspectiva cultural, e sua importância transcende fatores puramente econômicos. "Eu acho que não podemos ficar nesse reducionismo do lucro e da escala, mesmo porque essa agricultura do agronegócio está nos levando ao suicídio pelo processo de devastação", opina.

Outra questão em jogo é o êxodo rural, que mudou a configuração demográfica do país em décadas passadas e ainda hoje é preocupante. Por questões econômicas, muitos jovens agricultores acabam por abandonar as propriedades e migram para as cidades. "O jovem não está ficando. Ele está evadindo, e você vê isso, inclusive, em processos de reforma agrária", afirma Baltasar. Para o professor da UFSCar, atualmente, a maior causa de evasão de jovens do campo é a baixa renda da produção familiar. "Eu, particularmente, acho que com a baixa qualidade de vida urbana, se na agricultura a renda fosse um pouco maior, existiriam condições de fixar muita gente no campo", completa.

Para o professor Jalcione Pereira de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é necessário política pública consequente, de longa duração e que beneficie esse segmento. "Sem isso, é muito pouco provável que a gente vá conter o êxodo, o abandono e a degradação dessa agricultura?, acredita. Almeida aponta como um dos problemas do setor o fato de que, muitas vezes, mesmo os recursos disponíveis não chegam aos pequenos produtores. ?Muitos desses agricultores nunca chegaram na porta de um banco. Então, nesse caso, o banco tem que chegar, a política tem que chegar ao agricultor?, completa.

Segundo Almeida, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), principal linha de crédito oferecida pelo governo federal ao agricultor familiar, muitas vezes não consegue chegar aos agricultores mais isolados no interior do Rio Grande do Sul, que não têm acesso a telefone ou internet. ?Eu acho que tem como pensar políticas baseadas no crédito que possam alavancar a produtividade dessa agricultura familiar e viabilizá-la?, conclui.

Além do Pronaf, que disponibiliza até R$ 40 mil por agricultor, existem outras formas de financiamento via governo federal: Microcrédito Rural; Pronaf Mulher, que atende às mulheres agricultoras; Pronaf Floresta nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para lavouras que planejam desenvolver projetos de sistemas agroflorestais; e auxílio às cooperativas de produção com base na agricultura familiar. O MDA também disponibiliza aos agricultores familiares financiamentos para veículos utilitários e uma política de seguros, através do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) e do Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF).
Alinhados com os programas de crédito rural do governo, o Banco do Brasil e a Nossa Caixa também oferecem financiamento através do Pronaf, com juros de 1% a 5% ao ano, dependendo da renda e da destinação do recurso, e prazo de pagamento de até 2 anos, além dos financiamentos rurais tradicionais, que oferecem juros de 6,75% ao ano e prazo de pagamento de até 5 anos.

Mas como conciliar a produção com o aumento da demanda mundial por alimentos? Nos últimos anos, o aumento da população mundial e o consequente aumento da demanda por alimentos colocaram a agricultura como uma questão estratégica que vem ganhado ainda mais importância. Para Almeida, da UFRGS, essa questão é enganosa, pois é um problema essencialmente de distribuição do alimento e não de sua produção. "O que adianta aumentar a produtividade na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, se esse aumento de produção vai continuar concentrado" Ou seja, se não houver uma desconcentração, se não houver capacidade competitiva maior entre os diferentes continentes, políticas públicas adequadas e condições para esses países onde tem pobreza e necessidade de implementar a produção, eu acho que dificilmente nós vamos resolver o problema da fome", pondera. "Ou nós descobrimos formas de produzir alimento viável, compatível ambientalmente, socialmente e economicamente, nessas regiões que têm mais carência de fome e via agricultura familiar, fundamentalmente, ou nada feito", completa. A questão da tecnologia rural para a agricultura familiar é outro ponto chave. Para Almeida, o cerne da questão é preservar a diversidade da agricultura familiar e evitar a padronização que ocorreu com a agricultura patronal nos últimos 40 anos, após a revolução verde. "É possível pensar em tecnologia, em avanço tecnológico e inovação no sentido de adequá-las às necessidades, às demandas dos diferentes tipos de agriculturas familiares ou de agriculturas de um modo geral, que existem no mundo. E daí nós vamos ter um quadro diverso de demandas que vai promover o desenvolvimento de diferentes agriculturas, que certamente serão muito melhor adaptadas a contextos específicos", diz.

O professor da UFRGS ainda pondera que apenas recentemente se pensa em modernização, em avanço, em inovação tecnológica, pesquisa e extensão mais voltados para esse segmento específico de agricultura, no mundo inteiro. Segundo ele, a agricultura familiar é potencialmente capaz de alavancar a produção alimentar em escala local e pode fazer frente a essas exigências de alimento para combater a fome e a miséria no mundo.

Baltasar, da UFSCar, acredita que as tecnologias devem ser pensadas cuidadosamente para que sejam factíveis e não se perca de vista o grupo alvo. "Uma tecnologia capital intensiva para um segmento que não tem capital, uma tecnologia estandartizadora do ambiente numa região que a gente trabalha com a biodiversidade", explica. "Então, eu acho que seria muito importante um esforço maior da área de ensino, de pesquisa e do poder público, na perspectiva de tratar a agricultura familiar de uma forma diferenciada", continua.

Além disso, o professor da UFSCar acredita que é preciso levar em conta o custo ambiental da atividade agrícola para se medir os ganhos. "Eu acho que se fazendo mais investimentos de pesquisa, em pouco tempo, a agricultura familiar vai se mostrar mais eficiente que a convencional, se a gente calcular todos os custos e benefícios. A gente pensa produtividade, mas quanto de recurso está se degradando a longo prazo, quantas áreas já foram agrícolas e não são mais por degradação? Tem tembém a questão de poluição de água, de ar, uma série de inconvenientes. Então, é preciso pensar como trabalhar nessa perspectiva", completa.

No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é responsável por um grande número de estudos e pesquisas voltados para a agricultura familiar e visando o desenvolvimento e a transferência tecnológica e de inovação. Um dos projetos da Embrapa voltados para a agricultura familiar é parte do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa), cujo objetivo é ?gerar e disponibilizar tecnologias para assegurar a competitividade e sustentabilidade econômica, social e ambiental à agricultura familiar?.

A degradação do meio ambiente também é um aspecto em evidência nos dias de hoje, e a agricultura é certamente um fator importante para o desmatamento. Para Almeida, da UFRGS, embora não existam ainda respostas definitivas para essas questões ambientais, a conscientização ambiental em uma escala menor, como a da agricultura familiar, é mais fácil de ser realizada. "Eu não estou dizendo que naturalmente a agricultura familiar é mais conservadora que a outra, até porque eu não acredito nisso. Mas eu acho que a questão da conservação ambiental é muito mais factível, é muito mais aplicável no caso da agricultura familiar", finaliza.

Por: Alessandra Pancetti




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Vejam este vídeo Tecendo Saberes Agroecológicos!!!!



"Levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) para o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor) aponta que, quando respeitadas as leis ambientais e trabalhistas, o manejo florestal é mais lucrativo que a pecuária extensiva e o cultivo de grãos na Amazônia.
De acordo com o professor Antônio Cordeiro, que coordenou o estudo, cada hectare (10 mil metros quadrados) de floresta amazônica pode render R$ 22,05 com manejo florestal por ano, em comparação com R$ 6,00 da pecuária e R$ 14,00 das lavoura de grãos. “A ideia é que as entidades financiadoras que não conhecem essa rentabilidade, disponibilizem linhas de crédito para a exploração florestal”, explica.
O manejo florestal consiste na exploração planejada e controlada da mata, de forma a permitir que se recupere, reduzindo o impacto ambiental. O estudo foi feito para orientar os processos de concessão de manejo em florestas públicas estaduais no Pará. O mercado local de madeira em tora foi usado como referência para estabelecer o preço da floresta em pé a ser manejada. O valor médio da madeira em pé foi estimado em R$ 27,20 por metro cúbico.
Cordeiro destaca que a pesquisa foi feita na região da Ilha do Marajó, nos municípios de Bagre, Chaves, Afuá, Portel e Juruti, que proporcionalmente tem menos madeiras nobres que outras partes do Pará, e que, ainda assim, o manejo se mostrou rentável. “Ali há alto índice de madeira branca, que tem menor valor e é muito usada para laminado e compensado”, explica.
A comparação com a agricultura e a pecuária foi feita considerando os custos de cumprir as leis ambientais e pagar os trabalhadores corretamente, o que muitas vezes não ocorre nessas atividades no Pará. Os casos de trabalho análogo ao escravo ou com remuneração abaixo da mínima, por exemplo, são comuns em algumas fazendas de gado. Sem cumprir a legislação, explica Cordeiro, a pecuária é mais rentável que o manejo, mas não é sustentável ambientalmente."

Reportagem de Dennis Barbosa Do Globo Amazônia (imagem divulgada na reportagem. Nasa/produção).
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Sessenta e cinco organizações enviaram um documento ao governo brasileiro com várias recomendações para as negociações na 5ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena (MOP-5) e 10ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica (COP-10), que acontecem no próximo mês no Japão. As recomendações foram debatidas durante a Plenária Nacional realizada nos dias 15 e 16 de setembro, em Brasília, e encaminhadas ao Ministério das Relações Exteriores - Itamaraty, Ministério responsável por estabelecer consenso nacional entre os demais ministérios e setores da sociedade civil para as negociações de Nagoya. 

A COP MOP deste ano irá reunir representantes de cerca de 170 países para analisar o resultado das metas de preservação da fauna e da flora assumidas em 2002 e definir quais serão os próximos objetivos até 2020. Segundo o documento encaminhado pela sociedade civil ao Itaramaty, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que os países fracassaram com relação às metas de redução da taxa de perda da biodiversidade. Os dados são alarmantes. Cerca de 150 espécies são extintas por dia em todo o mundo, afirma o Secretário da Convenção da Diversidade Biológica. Esta drástica redução da biodiversidade também se encontra na quantidade de culturas cultivadas para o consumo humano. Atualmente apenas sete variedades correspondem a 75% da alimentação mundial e a FAO denuncia que (1) bilhão de pessoas passam fome atualmente no mundo. 

O governo brasileiro apesar de alguns números a seu favor, como a redução do desmatamento na Amazônia, não vem implementando ações efetivas contra a perda da biodiverisidade brasileira, ilustrada pela vergonhosa iniciativa de flexibilização das proteções do Código Florestal e anistia aos desmatadores. O descontrole da contaminação genética dos campos de milho convencional pelo milho transgênico, por exemplo, pode gerar danos irreversíveis ao patrimônio genético e cultural do país ao colocar em risco as variedades de milho crioulo melhoradas há séculos pelos pequenos agricultores familiares e camponeses. “Identificamos e denunciamos que o cercamento territorial e tecnológico dos agricultores, comunidades tradicionais e povos indígenas através da concentração de terras, principalmente por empresas transnacionais, e dos recursos biológicos transformados em mercadoria pela biotecnologia e por normas de propriedade intelectual, representam séria violação aos Direitos Humanos”, afirma o documento.

Uma das recomendações ao governo requer que o Brasil, um dos mais megadiversos do planeta, paute-se pelo princípio da precaução e pela conservação e uso sustentável da biodiversidade e não por interesses de mercado. “É inaceitável que a posição do Brasil se paute por interesses de mercado, subordinando a Convenção da Diversidade Biológica às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirma o preâmbulo do documento. A sociedade civil também denuncia que são as atividades econômicas de empresas transnacionais e nacionais e seus lobbies nos espaços de negociação de acordos internacionais e nacionais uma das causas mais fortes pelo fracasso coletivo com relação ao cumprimento das metas de preservação da biodiversidade. 

As recomendações da sociedade civil abrangem diversos assuntos, como a necessidade do Brasil identificar as cargas que contém transgênicos; moratória e zoneamento ecológico antes de autorização de pesquisas com árvores transgênicas; manutenção da moratória às tecnologias de restrição de uso (as sementes conhecidas como Terminator) e às atividades com geoengenharia, como a fertilização de oceanos; aplicação do princípio da precaução à produção de agrocombustíveis; e ainda com relação às mudanças climáticas, recomendam que a conservação de florestas não sirva de licenças para as emissões do hemisfério norte. 

Ainda receberam destaque as recomendações específicas com relação ao Regime internacional de Acesso e Repartição de Benefícios para que se garanta um regime efetivo de repartição dos benefícios oriundos do acesso aos recursos e conhecimentos tradicionais, em respeito aos direitos dos povos indígenas e comunidades locais. Também reafirmaram a necessidade de se estabelecer um regime de proteção sui generis ao conhecimento tradicional de acordo com os princípios da CDB e com os sistemas locais de regulação, os quais se distanciam em muito dos direitos de propriedade intelectual estabelecidos atualmente.

Com relação ao Protocolo suplementar ao Protocolo de Cartagena sobre a responsabilidade por danos decorrentes do comércio de transgênicos, as organizações e movimentos da sociedade civil manifestaram-se por um regime internacional forte e vinculante que estabeleça sistemas de acesso e exigibilidade para responsabilizar os operadores da tecnologia, como também que “normas nacionais rígidas sejam estabelecidas para que os custos com as medidas necessárias tomadas no caso de danos não recaiam sobre as sociedades nacionais, mas sobre os setores que lucram com a tecnologia, especialmente o operador-detentor da tecnologia”.

Esta é a primeira vez que a sociedade civil se organiza para estabelecer consensos e recomendar que o governo brasileiro defenda, em âmbito internacional, posições coerentes com as legislações nacionais e com o respeito aos direitos humanos, e os direitos dos povos indígenas e comunidades locais. As organizações e movimentos sociais mostram-se como atores nacionais e internacionais importantes para aperfeiçoar os mecanismos de participação democrática e exigibilidade de compromissos internacionais assumidos pelos Países, em especial na defesa dos direitos humanos e da conservação e uso sustentável da biodiversidade do planeta.

Mais informações:
Terra de Direitos – Larissa Packer: 41 3232-4660
Terra de Direitos - Ana Carolina Brolo de Almeida: 41 3232-4660
www.terradedireitos.org.br
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PNUD AVALIA CULTIVO ALTERNATIVO NA AMAZÔNIA


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) está fazendo uma das primeiras avaliações sobre a aplicação, na Amazônia, de sistemas agroflorestais — uso da terra em que espécies nativas compartilham o mesmo espaço que o cultivo agrícola e a criação de animais. O levantamento analisa o resultado da estratégia em sete municípios do noroeste do Mato Grosso e verifica o impacto na renda e no emprego das pequenas propriedades, e também sobre a biodiversidade.

Os dados coletados vão embasar um relatório que deverá ser apresentado em outubro às principais agências governamentais ligadas a agricultura familiar, ao governo estadual e a moradores da região.

A implantação dos sistemas agroflorestais nos sete municípios faz parte do projeto Promoção de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste do Mato Grosso. O monitoramento dos resultados começou há três anos, mas está sendo feito agora de modo mais detalhado. "Os agricultores e os líderes das comunidades participaram do desenvolvimento desses indicadores com os técnicos dos municípios e a própria equipe do projeto ", afirma o coordenador do programa, Paulo César Nunes.

Esses indicadores verificarão os efeitos dos sistemas agroflorestais no rendimento, no acúmulo de biomassa, na absorção do carbono, na melhoria da biodiversidade da região e no controle do desmatamento. "Uma vez que as famílias passam a ter remuneração própria, há uma redução do desmatamento, porque diminui o interesse pela exploração da madeira na floresta", diz Nunes. O trabalho de campo para coletar essas informações já foi iniciado.

Já existem resultados práticos dos sistemas nos sete municípios mato-grossenses. "Algumas indústrias foram instaladas para beneficiar as produções dessas áreas. Há uma indústria grande de beneficiamento da castanha no Brasil, que aproveita toda a matéria prima produzida e é comercializada dentro da região e na merenda escolar", aponta o coordenador do programa. Além disso, três indústrias que processam o palmito da pupunheira foram atraídas à região.

Pequenas propriedades


O projeto do PNUD foi elaborado entre 1997 e 2000 e deve ser concluído em dezembro de 2010. Os agroflorestais foram implantados em propriedades de 25 e 100 hectares nos municípios de Juína, Castanheira, Juruena, Cotriguaçu, Colniza, Aripuanã e Rondolândia.

Há indicações, segundo Nunes, de que esse tipo de cultivo aumente a biodiversidade, já que abrigam um maior número de espécies no mesmo local. “Isso favorece a fauna e a alimentação dos animais silvestres", ressalta. Ele avalia que essa pode ser uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia. "Essa talvez seja a principal saída para essas famílias que vivem em pequenas propriedades.”

Um dos produtores que lançam mão desse sistema é José Ramos, que possui uma propriedade de 12 hectares a 4 quilômetros do centro de Juína. Começou há 30 anos produzindo café, mas atualmente investe no gado leiteiro consorciado com ipê, seringueira, cupuaçu e castanha-do-Brasil, e também faz cultivos de pupunheira, cana-de-açúcar, teca, coco e piscicultura. Ele conta que, como muitos que foram para a Amazônia, desmatou seu lote, pois era a política da época. Depois que reconheceu a necessidade de reflorestar, vem diversificando sua propriedade com dezenas de espécies nativas e exóticas.

Já Helmut Raimann é dono de uma chácara de 4,7 hectares e há 10 anos abandonou o uso de agrotóxicos. Ele mantém castanha-do-Brasil, pupunheira e cupuaçu, além de plantar mandioca, arroz, gergelim e feijão andu. Ao todo, tem cerca de 70 pés de castanheira e 3.500 pés de pupunheira, de onde vêm sua principal fonte de renda.

Um dos exemplos da harmonia de criação de animais e espécies vegetais que geram renda em curto, médio e longo prazo é o catarinense Dirceu Dezan, também dono de uma chácara em Juína. “A natureza se adapta na variedade, e uma espécie ajuda a outra, não pode ter uma cultura só”, diz o agricultor.

Com esse lema ele produz na sua propriedade cupuaçu, laranja, coco e chuchu. Faz adubação orgânica com esterco de ovinos, galinhas e irriga reutilizando água da piscicultura, que desenvolveu especialmente para este fim.


Com informações Pnud / PrimaPagina / BRA/00/G31/ Danielle Brant e André Alves.
Experiências Alternativas e bem sucedidas da agricultura familiar do Baixo Tocantins - FRUTAL PARÁ em Belém,           junho 2010
O MST e a agroecologia

Campanhas de conscientização e agroecologia são alternativas
ao modelo agrícola promovido pelo latifúndio.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) faz um trabalho interessante para fomentar e difundir a agroecologia no Brasil. Por meio de campanhas de conscientização e publicações de cartilhas, o movimento incentiva os pequenos agricultores rurais dos assentamentos e acampamentos de todo o Brasil a utilizarem a agroecologia como alternativa de produção ao modelo agrícola promovido pelo latifúndio.

Segundo as cartilhas “Receitas para a Agricultura Alternativa” e “A Agroecologia como Alternativa”, publicadas pela Associação Nacional de Cooperação Agrícola (ANCA), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o que a agroecologia pretende é “a libertação da dependência dos agricultores familiares das mãos das transnacionais produtoras de venenos e de adubos químicos prontamente solúveis”. Esta cartilha divulga receitas de técnicas e práticas de uma agricultura mais equilibrada, menos impactante ao meio ambiente e à economia dos pequenos produtores familiares que fazem parte do movimento.
Outro exemplo de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias ecologicamente sustentáveis é a campanha internacional lançada pela Via Campesina no III Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre em 2004, intitulada: “Sementes: Patrimônio da Humanidade”.

Esta campanha tem como objetivo garantir o direito a todos os agricultores familiares a produzirem suas próprias sementes, de forma individual ou na sua comunidade, como é feito na Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados (COOPERAL) no estado do Rio Grande do Sul, além, é claro, de denunciar as empresas multinacionais que querem controlar a produção de sementes no mundo e pressionar para que a FAO e a UNESCO declarem as sementes como Patrimônio Cultural de toda a Humanidade.

O resultado destas campanhas podemos perceber em estudos feitos pelo agrônomo Moacir Ribeiro Darolt, autor do livro “Agricultura Orgânica Inventando o Futuro”, que diz que o “Brasil apresenta um número crescente de produtores orgânicos divididos basicamente em dois grupos: pequenos produtores familiares ligados a associações e grupos de movimentos sociais, que representam 90% do total de produtores, e grandes produtores empresarias (10%) ligados a empresas privadas” esses números mostram como hoje os pequenos agricultores familiares estão realmente inclinados a trabalharem com o cultivo ecologicamente sustentável, como é o caso da agroecologia.
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Fonte: contribuição do jornalista Francisco Rojas
Veja também
www.mst.org.br (MST)
www.waronwant.org (War on Want)
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I Fórum Paulista de Agroecologia
O cenário da Agroecologia do Estado de São Paulo apresenta características e contradições bastante peculiares, dada a forte presença da produção convencional dos setores  canavieiro, citrícola, da pecuária extensiva e da indústria de papel e celulose, ao mesmo tempo em que vem sendo realizado um significativo conjunto de projetos e programas de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltados para o fortalecimento da ciência agroecológica e das experiências agroecológicas no  âmbito da agricultura familiar.
No campo da educação e da pesquisa em Agroecologia, há um empenho de diversas instituições de ensino superior tanto na graduação como na Pós-Graduação, de Institutos e Empresa de  Pesquisa assim como de organismos de extensão rural; escolas de nível médio com ênfase em Agroecologia já vêm formando
suas primeiras turmas em várias regiões do Estado.
Além disso, o Estado de São Paulo tem sido palco de  importantes eventos relacionados à Agroecologia nos últimos anos. Destacam-se importantes esforços com a finalidade de  criar redes de cooperação e fortalecer espaços de interação entre diferentes instituições, como é o caso da Articulação Paulista de  Agroecologia (APA).

Com objetivo de contribuir com este processo organizativo e de debates, a Articulação Paulista de Agroecologia promoveu  reuniões entre o Programa de Pós-Gradução em Agroecologia e  Desenvolvimento Rural da Universidade Federal de São Carlos (PPGADR/UFSCar), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), a Embrapa Meio Ambiente, o Instituto Giramundo Mutuando e  outras instituições, com a finalidade de organizar o I FórumPaulista de Agroecologia. Após algumas reuniões foi elaborada a programação em anexo. O evento terá capacidade para acolher 500 participantes, sendo 150 agricultores, 100 profissionais e
250 estudantes.

As instituições poderão oferecer minicursos e/ou apresentar experiências, produtos e textos científicos.

Contamos com a participação de todos os interessados.

Maiores informações na página www.cca.ufscar.br; por e-mail:
forumpaulistadeagroecologia@hotmail.com; ou no PPGADR
pelo telefone (19) 3543.2582.

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O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) começa a discutir hoje (26/10) com 51 entidades do Pará os principais aspectos do pré-edital de concessão para a Floresta Nacional (Flona) de Altamira, que será lançado este mês.
Haverá reuniões com representantes de órgãos dos governos federal, estaduais, municipais, dos sindicatos e da sociedade civil em cinco cidades situadas na área de influência da Flona - Altamira, Trairão, Moraes Almeida, Novo Progresso e Itaituba.

O objetivo dos encontros é informar e mobilizar os principais atores locais para a participação nas audiências públicas que serão realizadas no estado em novembro.

O debate prévio sobre a concessão com cada público permite que eles se organizem para apresentar as sugestões nas audiências, momento em que as demandas são registradas e respondidas oficialmente. As propostas são avaliadas e poderão ser incluídas no edital.

O pré-edital de concessão também será disponibilizado na internet para que outros públicos possam consultar o documento e elaborar propostas. As informações são do Portal Brasil, do governo federal. 


Fonte: Agencia Pulsar
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“Mas esse eco-liberalismo apresenta dois grandes limites. O primeiro é que, centrado em uma base empresarial, terá como horizonte sempre os interesses do mercado, de sua potência agressivamente destrutiva, e não a formulação de um novo paradigma que não pode estar assentado na exploração e na maximização do lucro. O segundo, e de implicações mais graves, é o que aparta o grito do planeta – cuja expressão está sob nossos olhos com as catástrofes climáticas – do grito dos oprimidos, aparta o grito da Terra do grito dos pobres, a causa da sustentabilidade ambiental da causa da justiça social!
É necessário que o programa de governo a ser oferecido ao país pelas forças políticas que defendem a continuidade do processo inaugurado com o governo Lula, na disputa desse segundo turno das eleições, lideradas por Dilma Rousseff, defina claramente uma zona de compromisso que incorpore a dimensão da sustentabilidade socioambiental à cultura do novo ciclo de desenvolvimento. E estabeleça um novo paradigma que supere o padrão de produção e consumo definido pelo capitalismo liberal. Esta é a melhor forma de estabelecer o diálogo público com a liderança pública de Marina Silva e seus eleitores. 

O artigo é de Hamilton Pereira (Pedro Tierra) e Juarez Guimarães. Continue lendo… 'A sociedade sinaliza por um novo padrão de desenvolvimento'»

Por: racismoambiental, 06/10/2010