A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) desenvolve no município de Cametá, junto à comunidade, duas tecnologias sociais certificadas pela Fundação Banco do Brasil. A associação, que trabalha em várias linhas, prioriza a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável, com enfoque na agroecologia, entendida não apenas como um modo de produção, mas uma forma de organizar a comunidade. As atividades em Cametá, na região do Baixo Tocantins, são desenvolvidas desde o ano 2000, com o apoio da União Europeia.
A tecnologia Redes Locais Tecendo Saberes Agroecológicos visa à formação dos agricultores e agroextrativistas e a valorização de seus saberes, através da experimentação e produção, planejamento, multiplicação e uso sustentável dos recursos naturais da região. As inovações desenvolvidas são repassadas a outras famílias da comunidade pela Rede de Agricultores Multiplicadores, composta por cerca de 100 multiplicadores que repassam o conhecimento a cinco mil famílias.
A associação trabalha com formação nas comunidades, a partir de um diagnóstico das fragilidades. Em Cametá, as temáticas elegidas foram o açaí, a criação de peixes em cativeiro, bem como a de abelhas, cultivo de plantas medicinais, de mandioca, produção de farinha e camarão, além de formação em saúde preventiva.
"A nossa prática é de experimentar os processos junto à comunidade, respeitando os conhecimentos tradicionais. Não queremos difundir ‘pacotes tecnológicos', mas sim uma gestão e planejamento participativos da propriedade, multiplicação e uso sustentável dos recursos naturais da região, o que deve incluir uma visão integrada de homem/mulher e meio ambiente”, detalha o coordenador executivo da APACC, Franquismar Marciel. De 2000 a 2003, 1.500 famílias participaram da formação, divididas em grupos.
Já a tecnologia ‘Aprimorando o Manejo de Açaizais Nativos' experimentou inovações para a melhora da produção, que era muito baixa. Franquismar conta que a comunidade das ilhas (ou vargens) trabalhava com o açaí nativo, mas a falta de formação gerava muitas perdas.
Hoje, 70% da comunidade faz uso das novas tecnologias, em 13.500 hectares. A experimentação começou com um hectare apenas e chegou a soluções como utilizar adubo orgânico, do próprio açaizal, fazer sombreamento adequado, não derrubar árvores nativas para replantar, dentre outras.
A comunidade ganhou em produção, o que gerou mais renda, e investiu também em diversificação das culturas, garantindo a segurança alimentar. O período de produção do açaí foi prolongado em até três meses e houve melhoria na qualidade dos frutos. Foram criadas cooperativas locais para a comercialização e a conscientização das famílias sobre o cuidado com a floresta.
Este ano, a APACC realizará, em maio, uma feira de economia solidária na cidade de Limoeiro do Ajuru e, em novembro, uma feira em Cametá, envolvendo 11 municípios, em parceria com sindicatos, prefeituras, ONGs e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), regional Norte 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário