26/09/2011
Maria Borba
Maria Borba
O Plano Nacional de Transição Agroecológica apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para atender às redes que buscam outro padrão de desenvolvimento econômico foi um dos principais motivos que levou o MMA a participar, nesta segunda-feira (26/9), da abertura do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências: agroecologia, saúde e justiça ambiental, soberania alimentar, economia solidária e feminismo.
O Plano, resultado de um compromisso assumido pela ministra Izabella Teixeira com as redes de economia solidária e de agricultura familiar, concilia produção de alimentos com conservação dos recursos naturais e viabiliza a agricultura familiar. O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável e representante do ministério no evento, Roberto Vizentin, explicou que uma das convergências que essas redes buscam "é fortalecer a alternativa concreta de organização da produção agrícola em bases ecológicas", afirmou.
Segundo ele, esse modelo de produção dialoga com o tema das mudanças climáticas e estimula a agrobiodiversidade. Esse sistema prioriza uma forma plural de produção que se contrapõe à monocultura. Em vez de plantar somente um tipo de grão em grandes extensões de terra, esse sistema investe em vários tipos de cultivos diferentes e, com isso, não só promove a adaptação à diversidade do ambiente, mas mitiga os efeitos climáticos, explica
Uma das vantagens da agricultura ecológica em comparação com a agricultura convencional é o reduzido impacto que ela exerce sobre os recursos naturais, sobretudo, em relação às mudanças climáticas porque não se baseia em insumos agroquímicos, os quais usam, especialmente, adubos nitrogenados e formas de uso do solo que emitem gases de efeito estufa.
Ao ser menos vulnerável, o sistema de produção agroecológico proporciona menos impacto na mudança climática e aumenta a segurança alimentar das regiões e dos países, disse Vizentin. Ele informou que o modelo defendido pelas redes está predominantemente ligado à agricultura familiar. "Ele é exatamente o contrário da produção convencional baseada em commodities e em um sistema produtivista", disse.
No encontro, os participantes criticaram o uso do agrotóxico na agricultura brasileira e mencionaram o compromisso da ministra Izabella Teixeira, anunciado pela presidente da República, Dilma Rousseff, durante a Marcha das Margaridas deste ano, de instituir uma mesa de discussão sobre o uso e as consequências da aplicação massiva de venenos na agricultura brasileira. "O Brasil é campeão mundial de uso de agrotóxico e isso impacta o meio ambiente e a saúde pública. Um exemplo disso foi o veneno detectado no leite materno das mulheres que amamentavam no município de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, até a contaminação dos recursos hídricos", alertou o secretário.
Ele disse que a literatura científica está repleta de exemplos de surgimento e de aumento de doenças graves, como o câncer, associados ao uso do veneno. O encontro buscou ainda ampliar e fortalecer o polo democrático e popular da sociedade brasileira para aumentar conquistas sociais, econômicas e ambientais. "Trata-se de uma via de mão dupla: ampliar e resistir para não dar passos para trás, como, por exemplo, com a aprovação do novo Código Florestal que anistia os desmatadores. Ao fazer isso, certamente haverá um exacerbamento do desmatamento no País", concluiu Vizentin.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
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