Tradução Português: Paulo Marques
 Uma manifestação reivindicando que 'Outro mundo e outra África são  possíveis', como dizia em uma das faixas da marcha, inaugurou neste  domingo, 6 de fevereiro (2011), ao meio dia uma nova edição do Fórum Social Mundial (FSM), que este ano se realiza em Dakar (Senegal). Milhares de pessoas, majoritariamente senegalesas e de outros países do 
  continente, se manifestaram desde o centro da cidade até a   Universidade Cheikh Antha Diop, onde acontece o fórum, com lemas como  'Globalizemos as lutas contra o capitalismo', 'As terras para quem  nelas trabalham', 'Pelos direitos dos imigrantes', entre outros.
  
  Esta edição do FSM chega em um contexto inegavelmente de crise  estrutural do sistema capitalista e aqui a importância do mesmo como  espaço, não só de elaboração e discussão de alternativas, mas sim de 
  articulação e fortalecimento de redes para a ação. Se o Fórum Social  Mundial nasceu como contraponto ao Fórum Econômico Mundial de Davos,  hoje, dez anos depois de sus primeira edição, se converteu, a pesar de  seus limites e contradições, como o principal espaço de encontro  internacional de uma grande diversidade de organizações e movimentos  sociais que apostam, com distintos enfoques e matizes, por um 
  paradigma radicalmente distinto a serviço das pessoas e do ecosistema.
  
  Desde o primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em janeiro de  2001, até a presente edição, o mapa global dos protestos têm mudado  substancialmente. Se o FSM surgiu no calor de Seattle, em um momento  de auge do movimento altermundialista, conectando com o espírito e o  sentimento do movimento emergente e erigindo-se como uma de suas  principais referências, hoje a situação é muito diferente. Nos 
  encontramos em um período de descenso dos protestos a nível  internacional, com algumas exceções notáveis como as mobilizações pela  justiça climática, e uma maior focalização do conflito a nível 
  regional, nacional e local contra agressões específicas aos direitos  sociais, trabalhistas, meio-ambientais. O Fórum Social Mundial têm  perdido centralidade, tanto externa como interna, mas, na falta de 
  referencias melhores e em um contexto de crise sistêmica e da   necessidade de articulação de lutas, é o melhor dos espaços   existentes.
  
  Ao longo desta semana, uns sessenta mil participantes de mais de 1250  organizações, quase a metade africanas, se reunirão na capital do  Senegal para propor alternativas e, sobretudo, desenhar estratégias de 
  ação para fazer frente aos embates do capitalismo. De fato, a pesar da  crise e do descrédito do sistema, as políticas neoliberais continuam e  se intensificam e existe uma enorme dificuldade para ultrapassar, 
  sobretudo na Europa, e com exceções como França e Grécia, este mal  estar social em mobilização e protesto. América Latina têm sido  nesta última década o elo frágil do neoliberalismo em escala global 
  e agora o norte da África, com Túnisia e Egito a frente, aponta um  novo despertar. O Fórum Social Mundial repassará sem dúvida esta  cartografía das resistências.
 * Esther Vivas desde Dakar (Senegal) 
Pangea, internet solidari.